BARTOLOMEU VALENTE
NA CARNE DA PALAVRA
1 - Programa da palavra
Na carne da palavra é que eu me sonho
E nela rasgo estradas de sentido,
Enterro o pé no chão onde me ponho
E ergo-me de palavras revestido.
Na quadra popular de amor vivido
Os roteiros encontro que proponho
Pedra a pedra seguir, rumo ao subido
Irregular caminho meu medonho.
No soneto, a remota voz antiga
Vai demudando irregular o tom
Até quebrada quase ser cantiga.
Está escrito meu fado, mau e bom,
E vai ser de ironia e com furor
Que o irei modelando ao bom-humor.