SEXTA REDONDILHA
PEDE AS NORMAS
DA RAZÃO
Escolha
um número aleatório entre 630 e 726 inclusive.
Descubra
o poema correspondente como uma mensagem particular para o seu dia de hoje.
630 - Pede as normas da razão
Pede as normas da razão
O poema que, passo a passo,
Intenta prender no laço
O abraço da mente ao chão.
Neste primeiro compasso
Recolho o saber mais vão,
Tantas vezes ilusão,
Com que meu cotio traço.
É da gleba um arroteio
A permitir sementeira
Que o futuro me garanta.
Do saber de base cheio,
Me semeio, leira a leira,
E há vida em mim que se implanta.
631 - Esgalhada |
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Nenhum homem é uma ilha, |
Antes árvore esgalhada. |
Quem de vez isto perfilha |
Vê que tem de ser podada. |
|
Então que vantagem tem |
que seja por guerra ou fome, |
Se à partida poda bem |
Uma pílula que tome? |
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Não é uma questão de gosto, |
Nem religião que crês: |
- Religião é suposto |
Signifique estupidez? |
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632 - Narrador |
|
Era um velho narrador. |
Seu estilo narrativo |
Era como um condutor |
A estacionar, pensativo, |
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Junto à berma do passeio |
Em rua movimentada: |
Arrancava e, com receio, |
Logo a marcha atrás na estrada |
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Fazia mui cuidadoso, |
Ia à frente e recuava, |
Enquanto ao lado passava, |
Velozmente e sonoroso, |
O cordão doutras ideias |
Tracejando ruas cheias. |
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633 - Sacode |
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Da culpa o detonador |
sacode na luz do dia. |
Fala, ri dele, vem pôr |
Ante o mais o que doía. |
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Verás como, de repente, |
Tanta culpa incontrolável |
Se revela inconsequente |
E a vida, bem mais saudável. |
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634 - Esconde |
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Quem de culpas é afectado |
Mérito esconde e vitória. |
Põe tua culpa de lado, |
Reconhece meritória |
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Toda a atitude escorreita, |
Reconhece que o que atinges |
Não é calha tão estreita |
Que a esmagar os mais te cinges. |
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O facto de ires viajar |
Nunca aos mais pôs um travão, |
Nunca impediu de o lugar |
Tomar de onde quer que vão. |
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635 - Demente |
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Aquele que é inteligente |
Simplifica o que é complexo, |
Como aquele que é demente |
Complicará, desconexo, |
O que é simples, simplesmente. |
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636 - Mal |
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Se alguma coisa sai mal, |
Quase sempre há remedeio: |
Passo o vermelho sinal, |
aprendo lá pelo meio, |
Nego até que foi real… |
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Se perdi algo ou alguém |
é que se acabou de vez: |
Ora é a rapariga a quem |
Não falou a timidez, |
|
Ora o grupo musical |
Que nunca cheguei a ver, |
Ora a equipa principal |
Que nem aplaudi sequer, |
|
O professor na reforma |
Cujas aulas bem queria, |
O familiar que informa |
Que afinal nem conhecia… |
|
A lista é longa demais. |
Longa e bem pouco consigo |
Este lema que persigo |
Da vida nos lamaçais, |
Que dito de amigo a amigo: |
- Vede lá se a encurtais! |
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637 - Janela |
|
Por trás daquela janela |
Ninguém descortina nada. |
Não é o frio da geada |
Que impede a luz de entrar nela. |
A janela embaciada |
É doutro frio a sequela: |
- É o bafo duma vida já passada. |
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638 - Frio |
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O frio que não se extingue, |
Não há fogo a o dissipar, |
É aquele, para que vingue, |
Que demora a acumular |
Oitenta e nove anos ou mais |
Da vida nos temporais. |
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639 - Apressados |
|
Para os homens apressados |
O tempo perde o sentido, |
Correm só desesperados |
E nunca chegam aos lados |
Aonde buscam ter ido. |
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Afastam-se mais e mais |
Do que querem atingir, |
Quão mais correm, mais reais |
Serão os desvios, tais |
Que lhes nem resta aonde ir. |
|
E, sendo gente concreta, |
Devêm nisto tão drogados, |
Que já correm sem ter meta… |
- Não há aposta que prometa |
Em corcéis desenfreados! |
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640 - Devagar |
|
Um homem e um escritor |
Fazem-se todos os dias, |
Devagar, pelo sabor, |
E a chocar as fantasias. |
|
Saltando contradições, |
Sempre em busca de saídas, |
Trepam degraus aos senões |
Na escada de assalto às vidas. |
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641 - Contas |
|
Pedimos contas à vida, |
Quando a vida, ao fim de contas, |
É que pede, desabrida, |
Contas a nós, sem medida, |
Da raiz até às pontas. |
642 - Cobra |
|
A vida é uma cobra às voltas. |
Quem sabe, as voltas da vida, |
Sempre de veneno envoltas, |
Não nos livram de seguida? |
|
Vida é corda embaraçada |
Com nós que mal se precatam: |
Ou se trepam de escalada |
Ou prendem e não desatam. |
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643 - Primeiro |
|
Não quero ficar artista, |
Primeiro um homem me quero |
Para que às nuvens resista |
Da terra no sangue fero. |
|
Volto-me aqui para o homem, |
Não irei, descarrilado, |
Mal fingir que me consomem |
As suas chagas do lado. |
|
Não olharei para mim |
Senão enquanto retrato |
Do princípio até ao fim |
Dos desterros de que trato. |
|
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644 - Viciosa |
|
Que uma mulher viciosa |
Será o medo bem pior: |
Agarra quem o desposa, |
Vício mau mas que alguém goza |
E mata tão mais quão for |
A vida e o mundo maior |
Que para além nele entrosa. |
|
Que uma mulher viciosa |
Será o medo bem pior… |
|
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645 - Unida |
|
Quando a lei mais o dever |
Uma apenas frente dão |
Sagrada em religião, |
Ninguém nunca então vai ser |
Uma mente consciente |
Dela mesma inteiramente: |
|
- Será sempre um pouco menos |
Que os marcos de seus terrenos: |
|
Quanto mais estreitos são |
Mais te prendem, coração. |
|
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646 - Miséria |
|
Miséria humana evitável |
Não tanto é da estupidez |
Quão da ignorância infindável |
De nosso próprio revés. |
|
A luz da vela vacila, |
Tremula a pequena mancha, |
Cresce a escuridão tranquila: |
Já o demónio se perfila |
No mundo que se desmancha. |
|
- Ora, enquanto ele se agita, |
Que pode acalmar-me a grita? |
|
|
647 - Fanáticos |
|
Muito mais crimes e abusos |
De crianças cometidos |
São por fanáticos usos |
|
Em nome de Deus vividos, |
De Jesus, de Maomé, |
Que por Satanás sustidos, |
|
Por diabólica fé. |
- Muitos são disto ofendidos, |
Poucos logram vê-lo até! |
|
Quem dele a fé põe no crivo |
De ver se mata ou põe vivo? |
|
|
648 - Tristes |
|
Uma das lições mais tristes |
Que a história nos ensinou |
É a de que sempre resistes, |
Se tempo longo escoou |
|
Durante o qual enganado |
Foste em tua boa fé, |
Resistes a qualquer dado |
Que a fraude mostre qual é. |
|
Deixarás de te importar |
Com a verdade, que dói |
Ser levado a confessar |
Como levado se foi. |
|
Se demos a um charlatão |
O poder sobre nós mesmos, |
Nunca mais tenho em mim mão, |
Nem que os mais faça em torresmos. |
|
Assim as fraudes mais velhas |
Têm tendência a persistir, |
Mais as novas que nas gelhas |
Daquelas cevam porvir. |
|
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649 - Parceira |
|
Igualmente verdadeira |
Em todo o lado que houver, |
Apreciada parceira |
Rebuscada por quenquer, |
|
Independente de etnia, |
De religião, de cultura, |
De língua, de ideologia, |
- A matemática dura, |
|
De verdade aura primeira |
Sempre para a Terra inteira. |
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650 - Pretextos |
|
Os pretextos mudarão, |
Fica o mesmo o resultado: |
Concentrar numa só mão |
Mais poder, mais elevado, |
Suprimir da opinião |
A divergência do lado. |
|
Embora a prática prove |
Os perigos deste rumo |
E nunca ninguém aprove |
De desgraças tal resumo, |
Tal é o motor que nos move |
- E o mais é dum sonho o fumo. |
|
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651 - Função |
|
Não é função do Governo |
Evitar que o cidadão |
De erros caia num inferno. |
Mas do cidadão função |
É de ao Governo evitar |
Que a vida inteira ande a errar. |
|
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652 - Usados |
|
À força de tão usados, |
Em objectos piedosos |
Acabarão transmudados, |
De serafins para gozos, |
|
O Direito e as liberdades. |
Não se vendem nem se mercam. |
Estas são as qualidades: |
- Que ou os usem ou os percam! |
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|
653 - Mistura |
|
É mistura de estratégia |
E carácter, o comando. |
Se um faltar, que a pena régia |
Caia naquela, que rege-a |
O carácter, quando mando. |
Se este faltar ou for parco, |
Tudo tombará no charco. |
|
|
654- Abismo |
|
Um corpo sem memória, curioso |
Há-de ser e, portanto, é disponível. |
Corre à vontade a vasculhar o incrível, |
A tentação do abismo perigoso. |
|
A criança e a inocência |
São o sonho e a falência. |
|
- E somo-lo todos, |
De todos os modos. |
|
|
655 - Estátuas |
|
As estátuas sempre são |
Projecção além da morte, |
Pétrea sacralização, |
Bronze de eterno recorte |
Mas que nunca tem a sorte |
De um dedo mexer da mão. |
|
- Termina ali da ilusão |
Nosso incurável transporte. |
656 - Vilão |
|
“País de brandos costumes” |
- Enganaram-nos em vão. |
Se queres ver o vilão, |
Não te iludas com perfumes |
Que não passam de ilusão, |
De vez ignora azedumes |
E põe-lhe a vara na mão. |
Então vês quem tem razão: |
Em toda a parte, queixumes |
Das vítimas pelo chão. |
|
Vais ter de afiar os gumes |
E ter a justiça à mão, |
Sem de amor os tredos lumes |
Que só te embaraçarão: |
- Vais ver os baques que dão |
No chão que deles estrumes! |
|
|
657 - Neurasténico |
|
Neurasténico antes seja |
Espiritualmente vivo, |
Que insuportável me veja, |
Vitorioso recidivo, |
Porém sem encontrar porto, |
De espiritualmente morto. |
|
658 - Planura |
|
Hoje é dia de planura, |
Sem terramotos, vulcões, |
E amanhã tudo perdura |
Como ontem, sem aleijões. |
|
Cremos que as forças que um dia |
Brutas a terra agitaram |
Algo as adormeceria, |
Para sempre se finaram. |
|
- Que é que, porém, de repente, |
Vem tão silenciosamente |
Cutucar-me aqui no ombro |
Como fantasma de assombro?… |
|
|
659 - Pacífica |
|
Só porque há gente pacífica |
Dentro de casa que gosta |
De se imaginar terrífica, |
Que ser general aposta, |
É que afinal sempre acaba |
Um exército a existir: |
Quando uma guerra desaba |
É que há público a aplaudir. |
|
Tal qualquer outro espectáculo, |
Se o público for embora, |
Encerramos o cenáculo, |
Deitamos a guerra fora. |
|
|
660 - Personalidade |
|
Uma personalidade |
De acordo com ela mesma |
O adverso doma que a invade, |
Só de fins próprios quer resma. |
|
Devém forte por aquilo |
Que a si nega ao persegui-lo. |
|
E tanto mais forte fica |
Quanto mais cinzel aplica. |
|
|
661 - Tensões |
|
Se caminhas dez minutos |
Estimulas a energia. |
Consegues ter por produtos |
Findar tensões e a alegria |
Que, lesta, pouco demora, |
Durará mais duma hora. |
|
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662 - Convite |
|
Se te enganaste de festa, |
Se afinal não tens convite, |
Se teu fato ali não presta, |
Tudo leva a que se hesite, |
|
Junto ao príncipe ficar |
É melhor do que ao porteiro: |
Excêntrico vai-te achar |
Aquele como um parceiro; |
|
Este, não, porque o teu jogo, |
Por muito bem que o disfarces, |
Perceberá desde logo, |
- Logo faz que a veste esgarces. |
|
|
663 - Rica |
|
Não aprovarei a ideia |
De que, quando nós rezamos |
E a resposta não se ateia, |
Deus ouviu que precisamos |
E diz não à mão que ameia. |
|
Sei lá bem o que Deus é |
Para tal manter de pé! |
|
Só vejo que, para mim, |
Com oração melhor fica |
A minha vida, no fim, |
E devém muito mais rica: |
- Achego-me a meu confim. |
|
|
664 - Fardo |
|
Um homem rico o que tem |
Tem sempre no pensamento. |
O fardo do pobre quem, |
Rico, o pesa no tormento? |
|
Rico que em mente o tiver |
Tão raro é como a virtude |
Que no inferno acaso houver: |
É quem na rota se ilude. |
|
|
665 - Senhora |
|
Ser senhora, que tarefa |
Mais solitária, mais triste! |
Do humor nem a sinalefa |
De leveza lhe subsiste… |
|
Quão mais agradável era |
Descair do altar de diva, |
A coroa atirar de hera |
E saborear estar viva! |
|
E quantas, quantas se ufanam |
Dos brilhos com que se enganam! |
|
|
666 - Sucesso |
|
Do sucesso material |
Entre aqueles que desdenham, |
Quem invoca por ideal |
As pobrezas que se tenham |
|
Fá-lo apenas como forma |
De melhor justificar |
Ter a preguiça por norma, |
Com incompetência a par. |
|
É uma raposa das uvas |
A jurar: “tragar, não trago!” |
Que, ao menor pingo das chuvas, |
Atrás corre a ver do bago! |
|
|
667 - Fueiro |
|
Somos um povo guerreiro |
E, mesmo em tempo de paz, |
À sabrada ou a fueiro, |
Qualquer cabeça capaz |
|
Acutilamos ferozes |
Pelas Universidades: |
Não precisamos de algozes, |
Bastam-nos as sumidades! |
|
Nóa somos todos mortais. |
Mesmo sabendo-o, porém, |
Não deixa de nos demais |
Imolar tanto desdém. |
|
|
668 - Traça |
|
Pertence de homens à raça |
Que a dúvida nunca aflora, |
De convívio de má traça, |
Perigoso a qualquer hora. |
|
A massa de bronze integra |
Com que se pode contar |
A desencadear, por regra, |
Guerras sem pátria nem lar. |
|
As catástrofes piores |
Nunca lhes ensinam nada. |
Serão sempre os heróis-mores, |
No fim de cada jornada, |
|
Orgulhosos por morrer, |
(Ao invés do que é vivido) |
Não dum sentido qualquer, |
Em posição de sentido. |
|
|
669 - Borboletas |
|
Brinca a vida às borboletas, |
Corre bem com dela as leis, |
À margem das bem repletas |
Com que a cubro de papéis, |
|
Como quem atira arreios |
Para o dorso dum corcel: |
Corre bem pelos seus meios, |
Por mim só lhe afloro a pele. |
|
|
670 - Imbecil |
|
Só mesmo quem é imbecil |
Deveras acreditar |
Pode que mais um ceitil |
Vale um povo do que mil |
Outros com que ele o compare. |
|
|
671 - Exemplar |
|
Pai de família exemplar |
E vem parar a um bordel! |
Deus e a carne, se calhar, |
Cosmo e retrete a granel, |
|
Imaginário e real, |
O anjo e a besta no confronto… |
- Um sonho que ao fim não vale |
No concreto jamais pronto. |
|
Somos a caça caçada, |
A maçã que nunca mordo: |
- Itinerário à chegada |
Em perpétuo desacordo. |
|
|
672 - Pequena |
|
Os padres e os generais |
A dúvida mais pequena |
Não a sentirão jamais |
Nem preocupações tais |
Que o rumo se lhes condena. |
|
Vida à larga e garantido |
O porvir contra as marés, |
Não há mais qualquer sentido |
Em pensar, ficar transido |
Se a terra tremer aos pés. |
|
Um tem dele o catecismo, |
O outro tem a militar |
Lei de cujo solecismo |
Já nenhum deles o abismo |
Vai jamais descortinar. |
|
Têm juventude eterna, |
Grande consideração: |
Um com Deus perene hiberna, |
O outro colocação terna |
Tem na alcova da Nação. |
|
|
673 - Iscar |
|
Se não for de andar à toa, |
Não for de qualquer maneira, |
Nunca a pesca será boa |
Se iscar sem ver o que queira. |
|
Se não pescar, não se queixe |
Quem depois nada petisca, |
Pois conforme for o peixe |
Assim tem de ser a isca. |
|
Preciso é ter mão na cana |
Quando o peixe for matreiro, |
Senão quem é que o engana, |
Leva a picar no atoleiro? |
|
|
674 - Jornalismo |
|
O atolado em jornalismo, |
No tremedal mergulhado, |
Jamais trepa em montanhismo, |
Desce aos lodos do valado. |
|
Tem a precisão cruel |
Duma vénia a quem despreza, |
Brinda sorrisos de fel |
E um inimigo embeleza, |
|
Com as fétidas baixezas |
Pactua, a sujar os dedos |
Com moeda cujas ferezas |
De seu agressor são credos. |
|
O mal se habitua a ver |
Como a deixá-lo passar, |
Aprova-o tal qual quenquer, |
Acaba-o a praticar. |
|
|
Quando a tempo lhe não fuja, |
Concessão a concessão |
Tudo nele se enferruja, |
Roda a tirante: é um pião! |
|
|
675 - Cavalo |
|
O cavalo branco e o preto |
Puxam cá dentro de mim, |
Um para a frente, em concreto, |
Outro atrás, para meu fim. |
|
Às cavaleiras dos dois, |
Como me guio depois? |
|
Pende do que tem mais força |
O rumo para onde torça. |
|
Tão pouco forte em tal nicho, |
Serei homem, serei bicho?… |
|
|
676 - Dogma |
|
Nenhum dogma do passado |
Vivido em tranquilidade |
Fica ao presente adaptado |
No meio da tempestade. |
|
Hierarquia e ritual |
A cidade não inova: |
Sempre é visto como o mal |
Pôr os do píncaro à prova. |
|
Então é conservadora |
A vida em comunidade. |
Demora muito, demora |
Chegar à maturidade. |
|
|
677 - Definitiva |
|
Se tivermos de aguardar |
A prova definitiva |
De que o clima a se alterar |
Será uma coisa nociva, |
|
Já não há tempo de agir: |
Esperar para ver era |
Imprudente num porvir |
Absurdo duma outra era |
|
|
Que só não nos causa mossa |
Porque já não será nossa. |
|
|
678 - Século |
|
Foi só no século vinte |
Que uma espécie adquiriu |
Dom de mudar, por acinte, |
A Terra que Deus nos deu. |
|
Falta-nos, porém, saber: |
- Para viver ou morrer? |
|
|
679 - Gastámos |
|
Meio século gastámos |
E recursos nacionais |
Para que ao termo sejamos |
Vulneráveis mais e mais. |
|
A busca aniquilação |
Extensiva ao mundo inteiro |
É de herança a danação |
Daquele esforço cimeiro. |
|
Em nome do patriotismo, |
Segurança nacional!… |
- E é o Homem, conforme o crismo, |
Um animal racional! |
|
|
680 - Mordacidade |
|
A mulher não optaria, |
Quando chegara ao poder, |
Por violência crua e fria |
Como o homem sói fazer. |
|
Em vez de a guerra atear |
Entre os povos, persuade |
Ao ideal a apurar |
Da humana fraternidade. |
|
Trará bondade e ternura, |
Nova sensibilidade, |
Modelando quanto é dura |
Da lei a mordacidade. |
|
Então o princípio cego |
Mergulhado em realidades |
De homem-mulher vence o pego, |
Novas vejo Humanidades. |
681 - Sagacidade |
|
Os que crêem por demais |
Deles na sagacidade |
Que então sofram os punhais |
Da vida que lhes agrade! |
|
Não atirem sobre os mais |
No momento da verdade. |
|
|
682 - Êxtase |
|
Usar minha inteligência, |
Se do modo apropriado, |
Dá-me um prazer declarado, |
Além de toda a ciência. |
|
Sinto-me deveras bem |
Quando o pensar é correcto: |
Entender (parece) tem |
Nele um êxtase secreto! |
|
|
683 - Voraz |
|
Qualquer animal voraz |
De vez perdera o apetite |
Se a comer perene o traz, |
Com ou sem fome, o desquite. |
|
A escola assim corta as asas |
Às águias mais altaneiras: |
Nas gaiolas destas casas |
Bicam deveres, não leiras. |
|
Em demasia a comida |
Tal provoca indigestão |
Que, para o resto da vida, |
No saber só enjoos vão. |
|
|
684 - Amazónica |
|
Ante a mensagem dos astros |
Somos a tribo amazónica |
Cujos barcos não têm lastros, |
Cujas antenas são mastros |
E de vida cuja tónica |
|
É o total isolamento |
No veloz balão azul |
Da Terra, nosso elemento. |
Ninguém tem um instrumento |
Que este isolamento anule. |
|
E a tribo não se dá conta |
Da enorme circulação |
Internacional que monta |
A rádio, por sua conta, |
Bem como a televisão, |
|
Teia infinda em seu redor. |
Ficamos cegos e moucos |
Nesta selva de temor. |
E, se calhar, de clamor |
Andarão os astros roucos. |
|
|
685 - Espera |
|
Talvez um tempo de espera |
Seja uma boa medida: |
Oportunidade mera |
De nos autodestruirmos. |
|
A Galáxia então convida, |
Se à prova nós conseguirmos, |
Afinal, sobreviver, |
A juntar-nos a quenquer |
Que ande na festa da vida. |
|
Poderá não ser quimera… |
Talvez um tempo de espera |
Seja uma boa medida. |
|
|
686 - Desistira |
|
Quem temer que uma mensagem |
Das estrelas confiança |
Nos leve a perder em nós, |
Que na rota da viagem |
A iniciativa se cansa |
Do já sabido indo após, |
|
É como se um estudante |
Desistira de ir à escola |
Por livros e professores |
Mais saber porem diante |
Que a sabedoria tola |
Que ele tem doutros mentores. |
|
|
687 - Balas |
|
Não mata um homem ninguém |
Mesmo com balas nos olhos, |
Nem mesmo matam escolhos |
Com que a vida o só retém. |
|
Só mata se mata mesmo! |
Tudo o mais é pôr-se em guarda |
Por razões quaisquer a esmo… |
- Mas por que traz a espingarda? |
|
|
688 - Hoje |
|
Ontem é já do passado, |
Amanhã é do futuro, |
Hoje é o que anda a nosso lado |
No gesto em que me inauguro. |
|
Hoje é o que faz que me renda |
Na pegada aqui assente: |
É que hoje é sempre uma prenda, |
Daí chamar-lhe presente! |
|
|
689 - Provação |
|
Apreciar o que temos, |
Quando embora não é muito, |
A provação que enfrentemos |
Apaga ao fim do circuito. |
|
E mesmo quando pensamos |
Que estaremos sós no mundo, |
Sem da esperança os reclamos, |
Restará lá longe, ao fundo, |
|
Que o que temos, mão amiga, |
Se persistirmos a andar, |
A estender-se a nós se obriga |
Apenas para ajudar. |
|
|
690 - Momento |
|
Vive o presente, aprecia |
O sorriso de teu filho, |
Ajuda o amigo do dia |
E dum bom livro à magia |
Senta-te a beber o brilho. |
|
Ser feliz em acrescento |
É saborear o momento. |
|
|
691 - Controlar |
|
Ser feliz é controlar |
Meus enormes objectivos |
Com dividi-los, a par, |
Por diários efectivos. |
|
Escrever qualquer tratado |
Será uma tarefa ingente, |
Não, dia a dia, um bocado |
Que se nem vê nem se sente. |
|
Então a maior proeza, |
Longe de atemorizar, |
É uma festa que se preza |
A me então felicitar. |
|
|
692 - Habituação |
|
O mundo que nos rodeia, |
Pela habituação coberto, |
De véus se encobre na teia |
Que invisível mo franqueia |
Porque demais fica perto. |
|
Invisível não há nada |
Tanto como um monumento |
Na praça pública, à entrada, |
Por onde vão de largada |
As multidões, cento a cento. |
|
Ninguém vê, ninguém repara, |
Só quando o insólito houver |
Que lá ponha marca rara. |
- E será gritante e clara |
A que ali prenda quenquer. |
|
|
693 - Virtude |
|
Sentimentos negativos |
Matam a minha saúde. |
Positivos têm virtude: |
Potenciam, nada esquivos, |
Poder regenerador |
- Até dói menos a dor! |
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Aquele que for feliz |
Controlará, cuidadoso, |
O negativo que diz |
Que a vida não lhe traz gozo. |
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694 - Companheiros |
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Aquele que tem amigos, |
Um cônjuge ou companheiros |
Melhor reage aos perigos, |
Para as mortes tem abrigos |
Que não tem o sem parceiros. |
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Nem a perda dum emprego, |
Doença ou violação |
Levam a tombar no pego |
Quem a alguém tiver apego: |
- Terá quem lhe estenda a mão. |
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695 - Estúpidos |
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Os estúpidos e feios |
Levam o melhor do mundo: |
À vontade e sem rodeios |
Sentam-se, em bocejo imundo, |
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Nada sabem da vitória |
Duma vida de alta cota, |
É-lhes poupada a vanglória |
De saberem da derrota. |
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Vivem sempre indiferentes, |
Sem qualquer inquietação… |
- Ignoram, deles ausentes, |
O que é a discriminação. |
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Não há neles bem nem mal, |
Vivem abaixo do nível, |
No terra-a-terra animal, |
O que aqui for exequível. |
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Quanto ao mais, ponto final! |
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696 - Travessas |
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O novo quer ser fiel, |
Não o consegue, porém. |
Se o velho quer-se infiel, |
Já o não consegue também. |
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- Como as crianças travessas |
Sempre a vida anda às avessas. |
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697 - Doentia |
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Qualquer coisa doentia |
Na moderna simpatia |
Mora para com a dor. |
Devia simpatizar-se |
Com vivermos sem disfarce, |
Com a alegria e a cor. |
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Quanto menos se falar |
Das chagas que a vida tem |
Tanto melhor, quando a par |
Fazemos o que convém |
Para o chagado curar. |
E preveni-lo também: |
Não venha o futuro dá-lo |
Numa fenda ou intervalo |
Que escapar à previsão |
De quem ama um mundo são. |
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698 - Ensejo |
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O desejo de paz cresce |
Ao diminuir a esperança, |
Até que ao fim aparece, |
Perante um brutal ensejo, |
Mais forte, com mais pujança |
Que de viver o desejo. |
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699 - Vaivém |
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Um momento nos é dado |
No desenrolar da vida, |
Das ondas entre o vaivém, |
Em que o fundo é vislumbrado: |
- Guardemos bem a medida |
Que entre os tufões nos sustém! |
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…Ou perderemos o pé, |
Sem qualquer crença nem fé. |
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700 - Doutrem |
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Poderei também falhar |
Se ao modo doutrem fizer. |
Porém, sinto, ao reparar, |
Que vi sempre, se calhar, |
Que não era de o fazer. |
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Não era a melhor maneira |
Nem de ser mais eficaz, |
Nem de ter-me à minha beira: |
Dois erros num só cabaz, |
Quando um basta para asneira. |
701 - Farra |
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Os idosos mais felizes |
São os que ainda têm garra, |
Que não desistem da farra |
Da vida em quaisquer matizes. |
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Mesmo a leitura diária |
Do jornal pode servir, |
Irritando contra a vária |
Malvadez de ali ferir. |
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Importa a luta que aceita |
Enfrentar as malhas cegas, |
Que a velhice não foi feita |
Para gente que é piegas. |
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702 - Preparado |
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Esteja bem preparado |
Para o que der e vier: |
Não pode ser planeado |
Quanto venha a acontecer. |
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Para o que puder surgir |
Nos importa prevenir, |
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Senão seremos bastante |
Magoados adiante. |
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Pois aprender a esperar |
Aquilo que é inesperado, |
Vantagem é assegurar, |
Pela certa, de meu lado. |
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703 - Lotaria |
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Há quem despenda dinheiro |
Como quem a lotaria |
Venceu no mês derradeiro |
De vida que lhe cabia. |
- Depois, olha, quem diria, |
Lá se foi o travesseiro… |
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704 - Enviado |
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- Vê o sofrimento, a desgraça |
Que o mundo inteiro angustia: |
Por que não, à dor que grassa, |
Ajuda o Céu não envia? |
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- Mas fi-lo: mandei-te a ti! |
Cada qual é um enviado |
A curar o frenesi, |
Toda a vida, em todo o lado. |
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Como é que, tão distraído, |
Não reparas no sentido?! |
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705 - Milionário |
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No limite, o milionário |
Prime apenas o botão |
E o dinheiro, em rio vário, |
Cachoa imenso no chão. |
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Sem alegria, prazer, |
Sem repouso, luz nem ar, |
Todo eléctrico há-de ser |
O antro onde ele asfixiar. |
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Amontoará riquezas |
Sem lhes ver traços vitais: |
Pode ter todas as presas, |
Que as não gozará jamais! |
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706 - Côdea |
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Será pobreza, e depois? |
Tal se não valera mais |
A côdea rilhada aos sóis, |
À porta dos vendavais |
De quem livre solta as asas, |
Mais do que a lagosta fina |
Na prisão daquelas casas |
Que nem cura a medicina! |
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Será pobreza, e depois? |
- Há na vida alguma sina |
Que lhe dê dois arrebóis? |
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707 - Torres |
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Um homem consome a vida |
A erigir torres de fumo, |
Atira de mira erguida |
A caça que não tem rumo, |
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Queima a casa, esbanja a mesa, |
Deixa os campos de pousio, |
Das culturas larga a empresa, |
A balouçar por um fio, |
Até cortar para trás |
As pontes da realidade: |
Prefere a sombra que faz |
À presa que à mão ter há-de. |
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Então se priva de tudo, |
A castigar-se, jucundo, |
A impedir-se, surdo e mudo, |
De permanecer no mundo: |
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Dos outros fica no meio |
Para ficar mais a sós. |
- Cava, cava à vida o seio |
E o pó junta ao fim aos pós. |
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708 - Colheita |
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é assim tão grande a desfeita |
De a ceifeira estar pintada |
Duma cor que não te agrada |
Que se te perde a colheita? |
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Afinal que é que é visado: |
O que tens por tua meta |
Ou antes o que acometa |
Tua ferida do lado? |
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Quem nada contra a corrente |
Sabendo que há-de atingir |
Muito mais seguramente |
A margem deixando-se ir? |
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709 - Frágil |
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É requerida a prisão |
Para ver a liberdade? |
Da guerra fossar no chão |
Para a paz ter qualidade? |
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Precisamos da doença |
A ver se ninguém se ilude |
E que de vez se convença |
Da valia da saúde? |
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Vemos como naturais |
E ignoramos facilmente |
Do cotio os bens reais: |
- Que frágil vivo o presente! |
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710 - Granel |
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Rasgaste-me os meus poemas. |
Eram folhas de papel, |
De ilusões dúzias de lemas |
Ali postos a granel. |
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Seria bem idiota |
Ficar nelas a pensar, |
A realidade é que anota |
O que fica no lugar. |
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O que é mesmo indestrutível |
É a carne deste Universo |
E jamais será credível |
Plantá-la dentro dum verso. |
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711 - Murta |
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Numa vida curta, |
Natureza hostil, |
Sou ramo de murta |
Ridículo e vil. |
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A infelicidade |
Tem compensação: |
É rir de verdade |
Desta condição. |
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Com algum bom senso, |
Feitas bem as contas, |
Pode um ganho imenso |
Vir das leis mais tontas: |
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Toda esta questão, |
Fintadas as penas, |
É terreno chão, |
Coisas bem pequenas! |
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712 - Aguça |
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Ausência aguça o desejo: |
Desligo a televisão |
E ao terceiro dia vejo |
Que um livro leio ao serão, |
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Ou falo com a família, |
Convidei algum vizinho, |
Se calhar faço vigília |
A escutar um passarinho… |
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Ausência aguça o desejo, |
Não do haja abandonado, |
Mas do que perdera o ensejo |
Por tê-lo posto de lado. |
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713 - Peixe |
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Quando um peixe dás a um homem, |
Dás-lhe comer para um dia. |
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Ensina-lhe a pescaria, |
Que no barco as horas somem |
E ele, sentado, aprecia |
A cerveja, a refrescar, |
À espera… E os cardumes comem |
O engodo que lhes lançar: |
- Tem, dia a dia, o jantar. |
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714 - Teimosa |
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Estúpida, a vida |
Nunca foi à escola. |
Teimosa, valida |
Do ignorante a lida |
Que o saber imola |
À realidade. |
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E assim a verdade |
Nunca se nos cola |
A uma ideia tida. |
O vero saber |
É o de apenas ser. |
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715 - Tecto |
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Não sei se vou conseguir |
Que sobre minha cabeça |
Não venha o céu a cair. |
antes, porém, que aconteça, |
Não me ponho aqui de lado: |
- Ergo por cima um telhado! |
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716 - Vinho |
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O velho mostra-se raro, |
Sangue velho é velho vinho: |
Quanto mais velho, mais caro, |
Melhor sabor lhe adivinho. |
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Não espuma mas aquece |
O saber do que apetece. |
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717 - Universidades |
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Bibliotecas, livrarias, |
São as universidades |
Onde todos têm as vias, |
Dum escol às minorias, |
Para entrar sem mais enfados |
Do palco em quaisquer estrados! |
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718 - Investigador |
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O investigador são todos: |
Quem passa uma vida inteira |
Ante uma porta fechada |
Sempre apenas com bons modos, |
Sem que, de qualquer maneira, |
A venha, duma assentada, |
Abrir, uma vez que o queira, |
Nem que resulte arrombada |
Como fruto duma asneira? |
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719 - Caprichosa |
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Como a vida é caprichosa! |
E nós, títeres que somos, |
Não somos livres de amar |
Mais que a onda fragorosa |
Será de erguer-se em assomos |
E se desfazer no mar. |
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Como lidarmos, bonecos, |
Com os fios que em nós bolem, |
Sem sermos meros tarecos, |
Trapos que as vidas enrolem? |
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720 - Filho |
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Um, filho de milionário, |
Nasce alheio desde o berço |
Aos infortúnios da sorte. |
Outro é a boca do fadário |
Nascido do lado adverso, |
Que uma boca a mais é a morte. |
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Um nasce conde ou marquês |
E terá de toda a gente |
Toda a consideração. |
Outro nasce ali resvés |
Do prumo que em si consente, |
Senão nem se regue do chão. |
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Instruir-se e viajar |
É o destino do bem nado, |
A roubar o inteligente |
Que nasceu sem ter um lar |
Mas por vezes mais dotado |
Que aquele naturalmente. |
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Da natureza a injustiça |
Não podemos evitar. |
Porém, a da humanidade, |
Só por proveito ou preguiça! |
- Quem dela murchar a par |
Como não se persuade? |
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721 - Concludente |
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Não há prova concludente |
De vida depois da morte |
Nem há prova do contrário. |
Não tarda, ficas ciente |
Da verdade: é fatal sorte. |
- Preocupas-te?! É fadário… |
Tem juízo e toma norte! |
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722 - Macho |
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Todo o macho pacifista |
Sempre é uma contradição, |
Iça ao mastro falsa pista. |
Se o vento virar tufão, |
A bandeira que desata |
Será logo a do pirata! |
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723 - Inevitável |
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Quando o inevitável surge |
Importa ter a coragem |
De matar, que o tempo urge, |
Mesmo o meu cão de viagem. |
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E jamais convém fugir: |
Não mudo nisto o teor |
Do problema que surgir, |
- Torno-o apenas pior. |
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724 - Chacal |
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É melhor ser chacal vivo |
Do que ser um leão morto. |
Mas com que eu mais me motivo, |
Para olhar sem olhar torto, |
É que o que é melhor deveras |
É ser mesmo um leão vivo: |
Não perde tempo de esperas |
Nem terá ficha de arquivo. |
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725 - Irrevogáveis |
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Decisões irrevogáveis |
Quando tens fadigo ou fome? |
Olha que os inadiáveis |
Levam sempre a que se tome |
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Aquilo que se não quer! |
Pensa primeiro, repensa, |
E tanto mais a valer |
Quão mais a barreira é intensa. |
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726 - Escuras |
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Tuas armas, tuas roupas |
Coloca-as onde encontrar |
As possas quando às escuras |
For então de as procurar. |
É que da vida assim poupas |
Muitas, muitas mordeduras. |