QUINTO  VERSO

 

 

É sempre em nós, portanto, que a ironia

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Escolha um número aleatório entre 492 e 565 inclusive.

 

Descubra o poema correspondente como uma mensagem particular para o seu dia de hoje.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

492 – É sempre em nós, portanto, que a ironia

 

É sempre em nós, portanto, que a ironia

Toma o lugar do gozo não colhido.

Da lágrima que morde sorriria,

Pêsames dando ao morto meu sentido.

 

Na brandura suave da alegria,

Zurzindo as costas vai com comedido

Gesto de quem amar a quem batia

E assim mais sofre quão houver mais rido.

 

A ironia,

Mais que um gesto,

É, neste imenso carnaval, meu mascarado apresto

De fantasia.

 

 

493 – Vende

 

Se se pudera vender

Experiência pelo erário

Que nos custou a aprender,

Eia, tanto milionário!

 

 

494 – Nada

 

Mais difícil não há nada

Que um indivíduo saber

Uma tarefa qualquer,

Vê-la mal de outrem lavrada

 

E, com respeito, de lado,

Então conter-se calado.

 

 

495 – Maneira

 

Ser simpática e matreira

Ao mesmo tempo, em verdade,

A gente não tem maneira

Após seis anos de idade!

 

 

496 – Cozinheiro

 

Cuidado com o luzeiro

Que não arde com seus credos:

É sempre mau cozinheiro

Quem não lambe os próprios dedos.

 

 

497 – Viático

 

Materializar um sonho,

Moer um labor solitário,

Criar algo que me proponho,

São o viático diário

A que me acolho.

O dinheiro é o molho.

 

 

498 – Chuva

 

De ti pende como vais

Muito mais no que vais indo:

Sempre a chuva molha mais

Numa tarde de domingo!

 

 

499 – Curta

 

A vida fora há quem curta

Os dias todos em fila

Jogando memória curta

Por consciência tranquila.

 

 

500 – Mão

 

A menos que sejas dono

Dum dote que é de excepção,

De qualquer sucesso o trono

Requer de amigos a mão.

 

 

501 – Desquite

 

Se recebes um convite

Que não convém aceitar,

Aposta neste desquite:

“Ai como iria gostar!

Mas estou comprometido…”

Jamais expliques porquê:

Um inimigo não crê;

O amigo, se der ouvido,

Não liga, que o ultrapassa

E não te quer envolvido

No que ninguém quer que faça

Um amigo com sentido.

 

Assim, o teu gentil não

Basta a todos,

Conforme os lados e os modos,

Como razão.

 

Libertaste tua mão

E não deste aquele sim

Que era tua perdição:

A gente se perde assim

Por um pequeno senão

Que à vida nos torna ruim.

São senões acumulados

Que o céu cobrem de pecados.

 

 

502 – Adão

 

O homem é um pobre Adão

Achatado

Nas laudas do papelão

De seu traslado.

 

 

503 – Folhas

 

No campo, a ciência

Das folhas de árvore nos vem:

Ensinam-nos mais evidência

Que quantas folhas qualquer livro tem!

 

 

504 - Televisão

 

A televisão,

Quando as crianças aquecem no microondas

O jantar da distracção,

Eis o mal que lhes escondas.

Não lhe respondas

Nem entres em competição:

Evita as mondas,

- Desliga o botão!

 

 

505 – Novo

 

Quando um rapaz abre a porta

De seu carro à namorada

É o novo que a tal o exorta:

Ou novo é o carro na estrada

Ou é nova a bem-amada!

 

 

506 – Ténis

 

Quando alguém ténis usava,

Anos atrás,

É que não tinha dinheiro

Para um sapato capaz.

Hoje em dia é que ele cava

No quinteiro

Dinheiro que lhe baste

Para quanto em ténis gaste.

 

 

507 – Altura

 

Houve uma altura

Em que o Sol a vez primeira

Fura o manto de poeira.

Inédito fulgura

Com as estrelas

Há quatro mil milhões de anos.

Para vê-lo, para vê-las

Dos planos

Das nevascas e dos tufões para além,

Não havia lá ninguém…

Não havia, no início,

Lá ninguém! Que desperdício!

 

 

508 – Cabelo

 

O cabelo da mulher

Caracóis não formará

Com menor graça, sequer,

Só por cabeça haver lá!

 

 

509 – Genético

 

Meu código genético,

Há milhares de milhões de anos

Neste esforço patético

De copiar íntegro os arcanos,

 

Triando prudente cada conselho,

- Torna-me deveras,

Através de imemoriais eras,

Muito, muito velho!

 

 

510 – Imortalidade

 

Afirmo com uma certa razão

Que os organismos mais antigos

Ainda vivos estão

Após toda a partição.

 

A verdade

É que o sexo cria inimigos:

É o fim da imortalidade.

Pelo menos daquela

Que observamos na lamela,

A da cissiparidade.

…Se calhar, ao fim, é dela

Que temos saudade!

 

 

511 – Direita

 

Cumprimenta a mão direita

A uma distância segura:

Prova feita

De que estamos desarmados.

Ninguém mais cura

De olhar para os lados.

 

Não há qualquer ameaça.

Para quem sempre usou punhal e lança,

Machado e maça.

Tal informação

É mais que um aceno de mão:

- De muito, muito longe nos alcança!

 

 

512 – Bichos

 

Etnocentrismo é ver meu grupo

Como o bom, o verdadeiro.

Xenofobia é o apupo

Temeroso do estrangeiro.

 

Ambos são muito comuns

Entre mamíferos, aves…

Não somos bichos nenhuns,

Não sofremos tais entraves!

 

Nós somos hospitaleiros

Como uma ave migradora.

Crês-nos falsos moedeiros?!

- Não perdes pela demora!

 

 

513 – Décimo

 

Um homem doutro difere

Só num décimo por cento.

Se um chimpnzé se confere

São vinte vezes de aumento.

 

Apenas vinte distâncias,

Extrema proximidade:

Admira haver tantas ânsias

De fuga à animalidade?

 

E, por mais que o homem fuja,

Corre a vida lado a lado,

Nada o facto sobrepuja:

- Na armadilha ando apanhado!

 

Se me quiser entender

Noutrem, sem dogmas do templo,

No chimpanzé tenho o ser

Para começo de exemplo.

 

 

514 – Liderança

 

É a liderança um estatuto

Que sempre a ameaça preserva:

Por ele violento luto

Se a ameaça o não conserva.

 

Tem uma contrapartida:

Oferece protecção

E um herói vem dar-me em vida

Para admirar em acção.

 

Ele dirá o que fazer

Quando uma ameaça vinda

De fora do grupo houver

Até que o grupo a deslinda.

 

Não estou falando do Homem

Mas tão-só do chimpanzé:

Ele é a forma em que se tomem

Mais moldes de nosso pé.

 

 

515 – Arreganhar

 

Tanto arreganhar de dentes

E ninguém ferra nos grupos:

Os bichos são bem decentes,

Mostram das balas os pentes

Mas ficam pelos apupos!

 

 

516 – Roma

 

É o homem tão animal

Que mesmo na Roma antiga

A posição sexual

(Por mais que o mundo os bendiga)

 

Dos romanos preferida

Era a pose simiesca:

De costas era colhida

A mulher, por mais grotesca

 

Que hoje a moda nos pareça.

E nem por isso os romanos

Deixaram de ir à cabeça

Da sorte e destino humanos.

 

Não importa ter vergonha,

Porque até não o evitamos,

Do que o chimpanzé nos ponha:

- Ao fim somos nós os amos!

 

 

517 – Fecundação

 

A fecundação normal

Resume a história de nossos lanços:

Um êxito apenas, excepcional,

Em duzentos milhões de falhanços!

 

 

518 – Computador

 

Somos o computador

Animal

A que uns periféricos certeiros

Aumentaram o valor

Computacional.

Somos mais arteiros,

O resto é tudo igual.

 

 

519 – Pontapé

 

Se me deixo aperceber

De que o jogo é decidido

Pelo pontapé que der,

- Falho e é um jogo perdido!

 

 

520 – Despertador

 

Despertador: o aparelho

Que acorda os entes serenos

Que não têm o valor

De criar filhos pequenos!

 

 

521 – Surpreende

 

Richard Burton à Liz Taylor deu um diamante

E ela comprou-lhe um casaco de pele.

O pobre aqui à mulher põe-lhe diante

Uma pêra abacate que ela adora

Enquanto dela é um diospiro que a ele

O surpreende porque mui raro o devora.

 

O amor é isto:

Richard e Liz se divorciaram;

O amor de que existo

É o destes pobres que acertaram.

 

 

522 – Fogo

 

“Dás-me tu cinco quando peço dez;

Peço quinhentos e tu dás-mos logo!…”

- Hesita o filho com ar duvidoso.

“Dez ou cinco é para algum nada, vês?

Mas já quinhentos é apagar um fogo!

Pai sou apenas quando aqui me entroso.”

 

Um pai a sério é quem tiver por lema

Jamais abandonar grave um dilema.

 

 

523 – Cosmos

 

A certeza de haver seres

No Cosmos inteligentes

Perturba tanto os quereres

Que aumentaram os doentes!

 

 

524 – Umbigo

 

Que amigo, que inimigo

Nos revela o fundo,

- Quando reconhecemos que nosso umbigo

Não é o centro do mundo?

 

 

525 – Abelhas

 

Não nos ligam as orelhas

Que do Cosmos ouvirão

Com tédio a nossa prática:

Talvez sejamos abelhas

Para a civilização

Cósmica e galáctica!

 

 

526 – Cedo

 

O que importa ter presente

No saber, nos ideais:

Jamais é conveniente

Ter razão cedo demais.

 

 

527 – Levada

 

Quão bem que se sente a gente

Por Deus sendo bafejada

E quanto a gente se sente

Levada só na levada!

 

 

528 – Aparição

 

A aparição

É bendita:

Para aquele que acredita

Nem requer explicação.

 

A aparição

É maldita:

Para quem não acredita

Não é possível explicação.

 

Entre ambos a desdita

É não haver qualquer mediação.

 

 

529 – Ajuda

 

Para que é preciso um Deus

Se com Deus nada se muda?

- Trata dos negócios teus,

Deus ajuda quem se ajuda.

 

 

530 – Milagre

 

Um milagre posto a prazo

Não é milagre nem cura.

Só uma fé nos vai dar azo

Ao que o milagre procura.

 

 

531 – Conselho

 

Não precisas de seguir

De alguém o conselho ouvido

P’ra feliz ele devir:

- Basta só tê-lo pedido.

 

 

532 – Melhor

 

Um líder sabe a melhor

Coisa a fazer.

Um gestor,

Só fazê-la acontecer.

 

 

533 – Astrologia

 

Ciência são maravilhas

Por mão da tecnologia,

Mas, homem comum, perfilhas

É a folha da astrologia.

 

 

534 – Redondo

 

Nosso Universo fechado é tão redondo

Que opera às avessas:

Se olho em frente, onde a vista estou pondo

É na parte de trás de nossas cabeças!

 

 

535 – Rã

 

Se a cauda da rã quiser

Estender sobre uma lauda,

Acabo por entender

Que ela, afinal, não tem cauda!

Cauda terá de seu

Quem isto nunca entendeu.

 

 

536 – Petiz

 

Fere-se o petiz no dedo

Logo no alvor da manhã.

Na boca a mãe com o credo

“Dói?” lhe pergunta a medo.

“Sente tu mesma, mamã!”

- E estende-lho, no segredo

Duma inocência pagã.

 

 

537 – Leitos

 

Quem largar os preconceitos

Descobrirá que a magia,

Verá que a feitiçaria

Faz a cama em nossos leitos.

 

 

538 – Inanidade

 

Desconfio

Porque choro e porque rio

De tanta inanidade:

- Crio, crio, crio,

Para não morrer da verdade!

 

 

539 – Dinheiro

 

Lamenta alguém que o dinheiro tudo pode? Significa

Que o não tem e não lhe explica a falta nenhum parceiro.

 

Nem o Governo nos dá nada sem nos privar de algo:

Quanto maior o fidalgo, mais cobra pelo alvará.

 

Ninguém sabe realmente o bastante para ser,

Sobre um assunto qualquer, pessimista convincente.

 

 

540 – Invertebrado

 

O português fatalista, apático, invertebrado,

Disto, porém, tem ao lado, da indolência fantasista

 

A maleável condição. Heroísmo ou covardia

Variarão cada dia, conforme do guia a mão:

 

Se o comanda o carroceiro, alegre relinchará;

Se um sábio o génio lhe dá, meu Deus, que cume altaneiro!

 

 

541 – Economista

 

É ciência a economia ou não o será talvez, deve tanto à fantasia que os dados se vão de vez.

 

Da rábula no entremez, o economista perdia de sábio o perfil e a tez, ao ler na dor a alegria.

 

Não há quem fácil resista a rir com o bom humor daquelas sérias charadas: às vezes um economista é melhor que um escritor a contar contos de fadas!

 

 

542 – Problemas

 

Os problemas ficam todos tal e qual como o que foram? Transmuda então os teus modos, gela as almas que evaporam.

 

Podem os muros a rodos tapar as sendas que moram nas ervagens em que os codos são sonhos que te devoram.

 

Nunca mais será teu drama que a vida vá devagar, que dela se perca a trama que era a tua, se calhar,  já não cairás à cama por qualquer corrente de ar.

 

 

543 – Acelerado

 

Há quem viva acelerado, grita que jamais chegamos quando o termo é ali ao lado: estende a mão, toca os ramos.

 

Depois com que deparamos é com trajecto adiado porque de permeio os tramos é o que nunca foi galgado.

 

É a vida aquela mulher que, antes de um fazer dos dois, tempo e alma vos requer, a pesar bem quem vós sois. E o que sempre um homem quer é o que só virá depois…

 

 

544 – Corvos

 

Os corvos na verdade os mortos comem,

De nós assim evitam ser comidos,

Pois não há como a morte para um homem

Ficar com gestos seus bem divididos.

Eis como da memória se nos somem

Quantos corvos em nós andam sumidos

E, se o não crês, vê pois então se alcanças

Que é que serão nas vidas as heranças.

 

 

545 – Renda

 

Os escritores dão castelos no ar

Com cheiro a rosmaninho, salsa e coentro.

Os leitores como eu vão lá entrar

E vivem a sonhar todos lá dentro.

E os editores são quem vem cobrar

As rendas dos castelos onde eu entro.

Todo o problema é sempre o desta venda:

Como é que um sonho pode pagar renda?

 

 

546 – Zurro

 

Muitos asnos se tornam fanfarrões,

Porém quem pode sem desprezo vê-los?

É por obra dos génios que os senões

Se tornam dignos de fiéis desvelos.

Ao inútil, proveito lhe supões

Se da mão do entendido tiver zelos.

Assim dum asno o zurro desmedido

Para um inteligente ainda é um partido.

 

 

547 – Portento

 

Muito ouvir e pouco crer,

Rectidão, discernimento

Quem governar há-de ter.

- Onde haverá tal portento?

 

 

548 – Diabo

 

Há quem seu nada engrandeça

Aviltando tudo à volta,

Mesmo aquele que o conheça:

- Fica-lhe o diabo à solta!

 

 

549 – Tirano

 

Se a ventura do tirano

Pender do tiranizado,

Pende então fatal do dano:

- Morre o tirano isolado.

 

 

550 – Fome

 

Quando se apura em requinte

A feitura do alimento

E nunca merece um vinte,

Fome é o melhor condimento.

 

 

551 – Botão

 

Servo da vida moderna,

Tudo é o toque dum botão

E a felicidade eterna

Cai madura em minha mão!

 

 

552 – Antigos

 

Festa de antigos alunos:

Festa que nos persuade

Que andamos com os mais unos

Que tiveram nossa idade!

 

 

553 – Deus

 

Quando trato de meu cão,

Ele crê que serei Deus;

Mas gato é deus e nós não,

Nós somos criados seus.

 

 

554 – Teias

 

As teias da lei

São teias de aranha:

As feras do rei

Nunca as ela apanha.

 

 

555 – Afogaria

 

Desespera a Humanidade?

De bom grado afogaria

Nas águas a adversidade,

- Não fora a maré tão fria!

 

 

556 – Cara

 

Aquilo que nos prepara

Nosso recanto de arminhos:

- O Homem tem uma cara

Entre milhões de focinhos!

 

 

557 – Impotências

 

Num exército a força

É um mero somatório

De impotências:

Cada soldado é uma corça

Prisioneira do envoltório

Das leis e das precedências.

O que nos cascos lhe aterra

É a guerra da humanidade

Poder sempre ser a guerra

(Só de ser guerra pelo motivo)

Em que se há-de

Matar tudo quanto é vivo.

 

 

558 – Dinheiro

 

Se eu nunca tive dinheiro,

Nunca então me habituei

A tê-lo por meu parceiro:

- Dele por falta nem dei!

 

 

559 – Ninharia

 

O Homem, que ninharia!

Sofre, porventura…

Mas Aldebarã como fulgia

Da imensidão na majestosa curvatura!

O Homem? Nem sequer é ponte

Para a infinidade do horizonte!

 

 

560 – Coxa

 

Superior filosofia

Iluminada mas froixa:

Uma personagem imortal que viveu dia a dia

Coxa.

 

Ser, em simultâneo,

Homem demais e de menos:

Como sou conterrâneo

Destes imensos pequenos!

 

Tanto lhes temos apego

Que esquecemos que o Sol é cego!

 

 

561 – Toalha

 

Na refeição do Universo

Põe o céu toalha azul

E a terra, a verde, no inverso.

Desliza o Sol para o sul,

Ilumina a mesa posta.

Cantam as aves um verso,

Cada come do que gosta.

Em dores paga apenas o Homem

Todos os bens que os parentes comem.

 

 

562 – Ponte

 

É o amor a ponte onde alguém ice

Os braços até os céus.

Se é dos homens a fonte da tolice,

É a verdade de Deus.

 

 

563 – Carnaval

 

Se é carnaval quanto existe,

Quanto existe de que vale?

Tudo igual é quanto viste?

- Já não há mais carnaval!

 

 

564 – Preocupações

 

Duas preocupações

Ocorrem em nossos dias:

A primeira é que as lesões

Jamais tenham acalmias,

Nunca voltem ao normal;

A segunda, inverso lado,

Não vendo muda ao sinal,

É o normal já ter voltado,

Pois vivemos sempre mal.

Se calhar é consumado

Nas lesões o nosso fado.

 

 

565 – Meio

 

Verdades que mais importam

Se entremostram até meio.

Dissimular não nos mente,

Apenas ramos se cortam

A centrar forças no seio,

A resguardar a semente.

 

E quem é mais excelente

É a quem melhor conveio

Proteger do dente alheio

Quanto o alheio nem pressente.