FELICIDADE DE SONHO
Outra
Uma realidade é perder-te,
Outra, ao perder-te, diversa,
É ficar sem como acerte
De mim no que o sonho versa.
Ate
Quantas vidas há na vida,
Sempre na esperança do elo
Que as ate a um sonho à medida,
Presas mesmo ao pesadelo!
Estranhos
Todos os que idealizar
Estranhos então serão
Mas ocupando lugar
Dentro do meu coração.
Sair
Isto de sair de mim,
Ver alguém como o melhor
Meu lado ali fora assim,
Como sê-lo e mo propor?
Eu
Será que aquele que sou
Não sou eu, o eu que em mim vive?
O colo que nunca dou
É o colo que nunca tive...
Esperança
Nossa esperança de vida
É sempre por demais curta,
Mas a esperança na vida
Vive no Infinito surta.
Tempo
À medida que passando
O tempo vai, vejo a vida
Por onde vou caminhando
Como estrada: onde é a saída?
Arejo
É quando meu coração
Passa a ser bem mais o dela
Que arejo minha alma então,
Dentro o sol entra à janela.
Prendo
Quando lhe agarro nos dedos,
De repente o que concito
São intérminos segredos,
Prendo na mão o Infinito.
Dure
Dure o tempo que durar,
É sempre durar demais
O da espera que esperar
Por quem deveras amais.
Beleza
Pode alguém indiferente
Ficar à beleza à solta
Que não cansa, diligente,
De nos passear em volta?
Medo
Como é que se pode amar
E ter medo de morrer
De amor logo ali a par,
De tanto, tanto querer?
Despojar
Amar é dizer adeus,
Despojar de preconceito,
Abrir sem reserva os céus
De quem amarmos ao jeito.
Cartas
Cartas são eternidade
Fechada num envelope:
No silêncio que as invade,
O eterno a andar a galope.
Casal
Um grande amor não se perde:
O casal busca um destino
Que depois o Cosmos herde,
Criam um mundo divino.
Memória
A memória deu-nos Deus
Para, dentre o que me lembro,
Poder pelos sonhos meus
Ter eu rosas em Dezembro.
Sofrer
Não temas o sofrimento:
Coração de que disponho
Não vai sofrer um momento
Se em busca do próprio sonho.
Tamanho
Mente que se um dia abrir
A uma ideia original
Jamais se há-de reduzir
A seu tamanho ancestral.
Horrível
Um homem sem utopia
É dum horrível matiz,
Mais temível, dia a dia,
Do que um homem sem nariz.
Viver
Não quero viver eterno
Através de minhas obras,
Quero viver sempre, interno,
Sem vir morto em minhas sobras.
Ideal
Um ideal da razão
Não será felicidade,
Mas sim imaginação,
Sonho além de toda a idade.
Sempre
A felicidade é um pomo
Que no infindo toma pé.
Portanto, jamais é um quê,
É sempre de vez um como.
Sonho
Sonho de felicidade
É não haver poesia
Por ela ser realidade
Da vida de cada dia.
Suprema
Suprema felicidade
Da vida é ter convicção
De que para a eternidade
Sou o amor dum coração.